Coluna do Luan

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Estranha realidade


Disseram-me que eu nasci da barriga da minha mãe. Fala sério! Que absurdo. Onde já se viu, eu, nascer de uma barriga. O que me deixou mais eloqüente foi o fato de continuarem mentindo. Já não bastava afirmar que eu vim de uma barriga, ousaram ratificar que antes, muito antes, eu era um tal de espermatozóide! Que diabos é isso? Espermatozóide? Prefiro acreditar em metáforas. Elas são mais sutis, e dizem a verdade de uma forma obscura e venenosa. O veneno está na maneira de como acreditamos viver. De como acreditamos que realmente fomos um espermatozóide. Por que não posso ter uma crença só minha. Há tantas religiões no mundo, e há tantas guerras no mundo. Não que as guerras sejam fruto da religião, mas prefiro acreditar no meu Deus, sem depender de histórias divinas. Gosto de ser independente na medida do possível. Sendo assim, por que eu teria que acreditar que já fui um esperma. Será que dá para entender a situação? Estou falando de espermas, aquelas coisas brancas, gosmentas...É difícil para mim, sabe. Acreditar que um dia eu fui aquilo.

Por que acreditar na ciência? Pelo mesmo motivo que acreditamos na religião? Ora, isso não é justificativa. Prefiro acreditar que eu era um caroço então. Isso mesmo, um caroço. Amadureci, cresci e nasci. Afinal, não é assim que rege a vida? Aliás, o que é vida? Cada um vive de uma forma tão diferente da outra que por vezes fico perdido. O que é certo? O que é errado? É normal matar? É normal roubar milhões de cofres públicos? É bonito espancar domésticas nas paradas de ônibus? Deve ser. Pois tudo isso acontece, e ninguém dá bola. É tudo uma estranha realidade. Dizem que vão mudar a situação social do país, vão fazer a economia crescer, gerar mais empregos e a educação, ah, essa vai ser invejável! Só se for pela taxa de analfabetismo.

Mas por que acreditar em tudo isso? Posso fazer da realidade uma ficção. As pessoas brincam de viver, portanto é justo que eu brinque do meu jeito. Não é justo? Ou melhor, o que é justo? A Paris Hilton sair da prisão, desfilando, após três semanas, por bom comportamento? Que mundinho medíocre! Prefiro acreditar que não sou humano. Vou brincar de viver, brincar, apenas me divertir. Imagine só, eu um espermatozóide quê saiu de uma barriga, depois cresce e como ser humano comete tantas desavenças sociais. Jura! Eu não!

Acho que vim de outro planeta, porque é assim que me sinto. Um extraterrestre vendo todo mundo se matar. Ninguém ta aí para nada. Estão todos apenas cumprindo seus papeis. Então não estão cumprindo direito. Saio à noite e vejo tanta hipocrisia, cegueiras da juventude! São as piores! Garotas que não se dão o valor, não têm objetivos. Garotos que fumam maconha, bebem, e usam roupas largas porque está na moda e para “pegar” as gurias. Que planeta é esse? Isso tudo é uma mediocridade! Não há mais educação, falta senso, semancol, está tudo errado.

Entro em desespero e acabo escrevendo um texto para relaxar. Mas nem sempre entendem o que eu escrevo, porque meu ponto de vista é apenas o meu ponto de vista. “E daí que ele pensa assim?” Cada um vive uma ideologia, cada um teve experiências distintas ou parecidas, mas nunca iguais. Mesmo assim, isso não serve de resposta para tudo que meus olhos não vêem, mas meu coração sente.

Estranha realidade. Prefiro mesmo acreditar que não fui um espermatozóide. Como se isso tirasse da minha consciência tudo que passei. Talvez eu esteja me igualando a todos: Fechando os olhos para o que nos obriga abri-los.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Auto-descrição

Confesso que sou estressado. Mas me irrito por coisas pequenas. Quando o problema é grande sou sempre o único a estar tranqüilo e calmo. Alguns me acham louco pelo meu estilo extrovertido e espaçoso. Eu concordo. Sou espaçoso mesmo. Gosto de me sentir em casa, literalmente; quando essa, não for a que eu moro. Às vezes espanto-me com a minha capacidade de conhecer pessoas num piscar de olhos. Sou cara de pau, mexo com o povo nas ruas, chamo atenção, grito, impossível não perceber quando estou chegando. Salvo raras ocasiões. Também sou pacífico e tímido, mas isso depende muito do momento. Levo meu emprego (quando o tenho) a sério quando tenho prazer em realizá-lo. Isto é, amar o que exerço, ou o que irei exercer. Entrego meus trabalhos nos prazos, mesmo que não estejam bons. Procuro ser bastante pontual e detesto que me deixem esperando. Sou organizado, arrumo minha cama todas às manhãs e guardo meu pijama na gaveta certa. CD’s em ordem, livros lidos numa pilha, livros para ler em outra pilha. Tudo é assim. Acredito que se saber colocar ordem em pequenas coisas, saberá colocar ordem em sua vida. Há situações que sou reclamão, chato e intolerável, pareço um velho de 86 anos. Mas também há momentos que sou totalmente simpático, querido e afável. Sei que não sou uma pessoa ruim, jamais faria mal alguém ou teria a intenção de magoar. Mas a influência, ou até mesmo a convivência com pessoas com baixa-estima e de coração maldoso me prejudica. Às vezes fico absorto, há momentos que sou engraçado. E um dos meus defeitos é deixar tudo para depois. Preocupo-me com minha saúde, faço exercícios físicos, mas não deixo de comer porcarias. Ouço os mais velhos, mas sei que nem sempre respeito eles como deveria. Ouço as mulheres e acho incrível o universo delas que muitos homens não tentam entender ou enxergar. Também detesto rotina, mesmo assim não deixo de alimentar alguns vícios que possuo. Mas que fique bem claro que não tenho cacoetes. Adoro dormir tarde e adoro acordar cedo, por isso que há dias que não resisto ao sono matinal. Não tenho grandes crenças, tenho fé no meu Deus sem depender de religiões. Como todo aquariano legítimo amo liberdade, mesmo sabendo que não posso ser livre o tempo todo. A liberdade em excesso pode me desviar do prumo. Trazer-me conseqüências das quais sempre evitei. Vejo que a cada dia que passa é como se meu período diminuísse para os tantos sonhos que quero realizar. Descubro novas paixões, mudo de opiniões, mas mantenho meus objetivos. Acho que isso é importante. Manter uma linha de ideais. Uma linha que você possa enxergar de longe e saber que um dia, você conhecerá o seu fim.

domingo, 10 de junho de 2007

Lágrimas de papel


Não quero lágrimas de papel, quero sentimentos verdadeiros, rótulos inteiros, premissas que sejam de origem dissidente.

Não quero lágrimas de papel, quero apenas a verdade, verdade aquela que você tanto ocultou de mim quando era viva. Mas isso não quer dizer que esteja morta. A única célula que padece em você vem do coração.

Não querer lágrimas de papel é não querer molhar folhas que significaram algo importante para nós. Lembrar de quão valorizado será o que você pensa. Lembrar o quanto você perdeu chorando por pessoas que também derramaram lágrimas de papel inteiras.

É engraçado viver. Você acorda com o seu plano rotineiro em mente, escova os dentes, e têm a esperança de mudar o mundo para melhor. É burrice. As lagrimas de papel rolam em vários rostos com objetivos diferenciados pela sua conduta de vida. Por isso que há tanta maldade no mundo. Por isso que há pessoas boas no mundo.

Não querer lágrimas de papel é bastante circunstancial. Há varias dessas lágrimas, umas se dissolvem mais rápido do que outras. Mas isso também não quer dizer que só por isso elas são mais fracas. O que é válido para os sentidos, reais e irreais, fictícios ou verdadeiros.

Confesso que me sinto perdido, chateado, magoado, mas não só comigo. Sinto-me inflado como se ninguém me entendesse. Por alguns segundos achei que você havia me entendido. Mera ilusão. A vida é uma ilusão. Algumas pessoas realmente acham que podem ser fortes o bastante para não sofrer. Ninguém nunca é forte o bastante. É difícil superar a morte do seu pai. A reprovação escolar para quem valoriza o estudo. O animal de estimação que cresceu junto com você durante anos e teve quer ser sacrificado. Achar-se forte é cegar-se para si mesmo.

Afinal de contas, algum sentido deve ter uma lágrima de papel. Geralmente elas substituem o que você considera mais importante. Justamente aí que aparece seu erro. Infelizmente não consigo expressar o tamanho desespero que sinto quando vejo jovens da minha idade sendo incoerentes. Às vezes acho que não pertenço a esse planeta. Tenho só dezenove anos, mas me comporto como um homem dez anos mais velho.

Também já chorei várias lágrimas de papel, mas as minhas não eram feitas de qualquer função ou produto capitalista. Talvez a grande diferença esteja nas suas decisões. Muitos buscam na filosofia as crenças em que não acreditam na religião. Crer, não crer, importa?

Muitos buscaram na história a solução paralela para os seus problemas. Ter formulas, teorias concretas, ou até mesmo comprovadas por fatos, nem sempre quer dizer que dará certo com aquela pessoa. O que pode dar errado para você, nunca será um erro para outro alguém.

O que você precisa agora é de vertigem. Pense no seu ideal. Não tem? Então faça como eu, chore lágrimas de papel. Só não encha em grandes quantidades baldes feitos de vidro. Esses baldes mostram a sua verdadeira face, a sua verdadeira essência e intenção perante sua índole. Por tanto...tome muito cuidado para não ser desmascarado no momento em que estiver mais vulnerável.

Caso contrário, você poderá ser o motivo de outras lágrimas de papel.