Coluna do Luan

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Almas siamesas

Naquele dia e, posteriormente, naquela noite, onde o mundo inteiro ao nosso redor transformara-se em acaso... Naquele instante terreno, dócil, sutil, audacioso, auspicioso e hostil, fomos felizes. Somos felizes. Encostar minha cabeça ao teu peito me consome palavras. Sinto tua respiração levantar o tronco de meu corpo e depois desce-lo suavemente... É óbvio que esses movimentos impulsivos vivem a se repetir, na medida em que eu vivo a te sentir. Aliás, assim é minha existência agora. Co-existir ao teu olhar... Ao teu cheiro... Ao teu empirismo carnal. Como te admiro. Como te idolatro. És minha diva, minha amante, minha ouvinte para todas as horas... És minha mulher. Amo da forma como és. A única mutalidade na qual aceito e me torno acessível é da demasia infinita do nosso amor, de nossa paixão. Pois bem, que aumente cada vez mais. Que se exploda em gritos, em sussurros, em beijos molhados, em bel-prazeres...
Ah, minha pérola... Lembrei das batidas de teu coração... Eu poderia contá-las... Um, dois; três, quatro; cinco, seis; sete, oito... Estar ao teu lado é como estar flutuando incessantemente em nuvens de algodão doce... É como cantar no infinito celestial sem nunca desafinar uma só nota... É como correr sem cansar... Beber água e não sentir sede por saber que nossos momentos saciam todos os sentidos sumariamente humanos. Mas não saciam nossos desejos cotidianos dos quais nossas almas são quem carecem da presença física... Que ironia... Almas... Seriam as nossas siamesas? Uma pertence à outra. A outra pertence a uma. Juntas são completas. Separadas, causam a sensação de conforto espiritual, mas no fundo haveria uma busca por idealismo romanticamente inteligente, humorado, divertido, incomum e desvirtualizado. Alguém que te dê valor, confiança, fidelidade, amor maduro e verdadeiro. Sem as omnipotências atuais. Há momentos que tenho medo poder. O quão fortes e imortais somos? Não importa... No segundo em que finalizo esse texto, só penso em tê-la. Neste presente, por exemplo, trocarei de roupa, me prepararei para dormir após a nossa leitura compartilhada e talvez escute uma ou outra música. Eu poderia (e quero) morde-la, aperta-la, amá-la. Onde tu estás? Há na minha cama um lugar vago que só tu podes ocupar. Só tu podes ficar ao meu calor. Sem ti, prefiro voltar à solidão, ao celibato. Todavia, muito me satisfaz nossa existência colorida. Deixemos nosso preto-e-branco no passado. Pare. Venhas até mim e me tenhas... Faça o que quiseres, o que almejares... Só não me abandone... Não esqueça de que as Almas siamesas nascem juntas... Só as separam quem desconhece a raridade que isto é. Ora, desfrutemos, então. Porque depois, só nos restará a morte.