Coluna do Luan

terça-feira, 15 de maio de 2007

Não machuque os meus pés



Calma. Não aperte tanto os meus pés. Eles também sentem dor. Viu? Falei-te. Chutei seu rosto? Ah, me desculpe. Não tive a intenção. Assim como tu não teve a intenção de me machucar quando me traiu com aquele analfabeto que só sabe beber e fumar. Não sou melhor que aquilo? Devo não ser. Eu não preciso de te, não preciso do teu falso amor nem do teu carinho singelo. Se forem todos da boca pra fora. Tu realmente não sabes dar valor a um homem. Só sabe e quer beijar na boca. Fazer festa. Beber dez litros de cerveja e fumar um maço de cigarros por dia. Talvez ele seja, de fato, seu par perfeito. O seu pé torto. A outra metade da laranja. A folha da sua árvore, enfim...Não quero mais saber noticias suas. É melhor que suma, desapareça. Não me ligue, não me peça flores, porque somente às dou para quem é digno de merecimento. Pra ti posso dar um aperto de mão. E isso já será de mais. O que? Estás chorando? Pare de drama, foste tu quem quis assim. Tu que me traíste com um mulherengo só porque ele tem mais músculos do que eu. Esta na hora de tu aprenderes que músculos não é significado de cultivos amorosos. No máximo terás uma aventura com aquele “Dom Juan”. Se tu soubesses me valorizar, tu entenderias que tudo que fiz por te não foi em vão. Os dias que eu acordava cedo para ti levar café na cama, os dias em que eu saía do trabalho mais cedo para dar tempo de comprar algo que iria agradar você. Tudo foi para o lixo. E a lixeira veio à tona quando tu me disseste que foste em um chá de panela (só para mulheres), e a encontrei semi-nua num banheiro sujo da boate mais mal freqüentada da cidade. Talvez tu não estejas madura o suficiente para mim. Saberei superar essa dor como superei tantas outras. Tu não foste a única que me decepcionaste. Não te preocupas. Chegará o dia em que tu também amadurecerás, e espero que quando esse dia chegar tu não se arrependa do que fizeste, porque acredite, esse sentimento dói muito. Quero que sejas feliz, e entenda que tudo que passamos juntos termina aqui, virando história para ser contada. É verdade, fomos felizes. Fomos. Agora já não mais. Talvez eu também tenha errado; se tu me traíste foste por que eu não soube expressar corretamente o que sinto. Será? O que não quero agora são desculpas. Entenda que até posso perdoar você, mas o perdão não é e nunca será sinônimo de retificação. Nos sentimentos o jogo é bastante sensível. Uma vez que tu te erras podes ser perdoado, mas teu erro dificilmente será corrigido com a mesma pessoa. Espero que possa corrigi-los com outro alguém com quem sejas realmente ditosa. Pode até ser com esse “Dom Juan” do qual eu disse anteriormente que seria apenas uma aventura. Mas quer saber? Mesmo assim tu tens um péssimo gosto. O que me deixou mais chateado foi o fato de tu só veres a beleza externa dos seres humanos. Quanta hipocrisia a sua. Quanta ignorância a sua. Vejamos juntos, outras possibilidades de seguirmos nossas vidas separadas. Boa sorte com o seu futuro, boa sorte com a sua vida. Antes de me despedir, queria saber o que em mim não lhe agradou? O quê? Foram minhas cutículas? Sempre as odiei. Foi meu cabelo? Foi meu jeito de ser? Saibas ou não, eu já sofri muito quando pequeno. Tive que enfrentar as minhas convulsões na infância a base de remédios diários. Enfrentei. Hoje não vivo a mercê de remédios, vivo a mercê das minhas decisões. Quando perdi meus pais biológicos aos cinco anos de idade, eu não sabia ao certo o que tinha acontecido. Hoje eu sei. E vivo minha vida tendo em vista no que de pior um ser julgado racional pode passar. “Graças” ao meu tratamento das convulsões não posso tomar bebidas alcoólicas, nem usar qualquer tipo de entorpecentes. E tu achas que isso me deixas melancólico? Muito pelo contrário, guria! Hoje eu posso ir numa festa dirigindo e voltar lúcido, e ainda o melhor: Lembrar-me do que eu fiz na noite anterior sem vomitar nada no chão, nem ter dor de cabeça ou qualquer outro mal estar. Sou uma pessoal saudável, vivo bem e sou feliz. Não estou privado de ter decepções como essa que tive contigo. Pois pessoas como você que não sabem dar valor ao que mais sagrado tem nas mãos, no mundo, nunca vai faltar. O diferente é que marca. E aliás, me desculpe por ter chutado seu rosto, mas tu apertaste muito forte meus pés, pode levantar-se, sua imploração não será o suficiente para recuperar um cristal quebrado em mil pedaços.

domingo, 13 de maio de 2007

A última chance

Em uma noite escura Laura decidiu sair de casa, brigada com o marido, foi parar em um bar. O mais estranho é que ela não lembrava de como chegou até aquele estabelecimento. Foi como um lapso. A sua memória apagou todo o percurso que ela fizera. Ela entrou no bar. Olhou. Nada. Nada lhe chamava atenção. Até que um rapaz alto, bonito, definitivamente encantador, cometeu o pecado de lhe dirigir a palavra. Laura é uma mulher madura, 37 anos de vida, mas seu corpo representava bem menos. O jovem rapaz aparentava ter entre 25 a 28 anos. Laura apenas escutou as poucas frases do rapaz antes de ignorá-lo. Ela não tem o hábito de dar atenção a “moleques” que, volta e meia, aparecem a sua frente tentando algo com segundas intenções. Mas naquela noite, naquela noite Laura iria vingar-se do marido. Ela nunca tivera traído o esposo com homens mais novos. Ao menos, até então. De forma súbita, ela vira-se e diz:

- Sentes atração por min?

O jovem sem muita reação responde:

- Sinto.

Laura continua:

- Então me desejas?
- Tu nem imaginas o quanto.
- O que estás esperando para me tirar daqui?
- Mas eu nem sei seu nome.
- Há outras coisas mais interessantes a descobrir em mim do que meu nome.

O rapaz a pega pela mão e a leva até o carro. Laura sente algo estranho. Mas não sabe explicar o quê. O jovem entra no carro e diz:

- Hoje, Laura, é seu dia de sorte.
- Como? Tu me chamaste de Laura?
- Exatamente.
- Mas eu não disse o meu nome.
- Não disse, mesmo.
- Então como sabe?
- Acalma-se Laura, nós sempre recebemos a lista com o nome de cada um que devemos buscar.
- Buscar? Do que está falando?
- Durante muito tempo tu ignoraste teu marido, repugnou o seu amor, e ainda achavas que a culpa era dele. Mas o problema sempre foi você. Tu nunca aproveitaste tua vida ao lado dele, nunca fez nada para deixá-lo feliz. O trocava por outros homens, com a exceção a homens mais novos, como eu. O meu superior adora mulheres como você.
- Teu superior? Como sabe de tudo isso?
- Laura...Laura...tua última chance de se salvar tu desperdiçaste oferecendo teu corpo a mim.
- Tu estás me assustando! Vou embora!
- Tu não vais a lugar algum, Laura. Ainda não percebeu? Você está morta.