Coluna do Luan

sábado, 28 de abril de 2007

Escolhas

De nada adianta termos a consciência de ser feliz, se a felicidade está no seu inconsciente. É como juntar uma fábula e divulgá-la para todos os céticos: Nunca obterá resultados satisfatórios. A vida nem sempre nos trás resultados satisfatórios. Uma vez que a vida é o aprimoramento de questões absorvida ao logo do seu tempo. Procuramos entender os outros sem nos entender. Procuramos fazer os outros felizes sem sermos felizes. Procuramos dar o melhor de si, quando na verdade um simples abraço já bastaria. Existem situações que a demasia significa a abundância de um desejo sem sentido. Isso quer dizer que seu sorriso, por muitas vezes já seria capaz de ganhar uma confiança inconfiável. Não precisamos nos entregar ao todo por um amor, devemos nos entregar em parte, e deixe que a outra metade a pessoa amada conquiste. Dessa forma ela também amará você, mas não pelo que você possui, e sim pelo que você é e demonstra ser. Não se menospreze, nem diga que odeia o seu corpo. Ele, o seu corpo, é o material mais importante que o representa para o mundo; é por ele que você pode se expressar de maneira simbólica ou não. O importante não é a simbologia, mas como você simboliza. O segredo de uma vitalidade longa até pode estar na receita dos médicos, mas a principal receita está em nossas mãos, todos os dias. Quando você acordar e olhar pela janela, procure observar nos detalhes, nos mínimos detalhes. Quando enxergá-los, você entenderá que, passaram-se anos e anos e você nunca tivera notado aquele pedaço de parede pintado erroneamente de azul. Aquela árvore que nunca dava frutos, aquele passarinho que cantava no mesmo horário. Mas você por negligência de convívio nunca reparou. A nossa convivência nos torna cegos perante muitos acontecimentos. Aí chega a uma fase da vida que começamos a nos arrepender de não ter abraçado o pai e a mãe quando eram para serem abraçados. Não ajudamos o irmão no momento em que ele mais precisou de nós. Não oferecemos solidariedade, porque a trocamos por hipocrisia. Vemos que a metade de nossa vida foi trocada por meios sem valores, sem uma reposta que tanto procurávamos. Você chora, aprende, diz estar arrependido, mas lá vai tempo de novo, e o tempo pode ser sim o amigo em ocasiões de sofrimento, mas é também seu pior inimigo do passado. Ele, às vezes, apaga da sua memória o beijo da pessoa que mais lhe amou no colegial. No entanto, você nunca deu atenção aquele beijo. Ela/ele não servia para você porque naquela época você pensava que sabia o que era melhor para sí. Até entendermos que se chegarmos aos 70, vamos pensar: “Já sabemos muito, porque aprendemos muito”. Não enganemo-nos. As nossas experiências são frutos do passado, mas, nunca será a sabedoria do futuro. Por isso que comprar conselhos é como jogar na mega-sena, nem sempre você será premiado. Contudo, lembre-se que sua vida não depende do prêmio. Não depende do dinheiro. Não depende de bens materiais. A única coisa pela qual você sempre deverá lembrar é que por mais que você esforce-se e consiga realizar mil ações benéficas, nunca será reconhecido corretamente. Você sempre será julgado por um erro que cometeu e entenderá que suas ações benéficas serão apenas um exemplo do qual pode ou não ser seguido. Caímos na tentação do dinheiro, da beleza física e chegamos ao fim do buraco negro. É importante você saber que na sua jornada de vida, você terá ideologias, políticas e decisões mediante critérios pré-estabelecidos, às vezes por você, às vezes pela sociedade que acha saber diferenciar o certo do errado. Você não poderá correr para qualquer lado, terá que saber escolher, e isso, saber escolher, compromete todas as nossas atitudes. Condenamos-nos a perpetualidade do erro ao sabermos que temos a liberdade de escolher. A vida é assim, apartir de uma escolha podem abrir várias portas, mas muitas outras serão fechadas. E vai saber se aquela que foi fechada, não era a que você mais precisava?

terça-feira, 24 de abril de 2007

Discutindo a relação

Ela entrou no quarto já se queixando. Seu namorado, no entanto, estava apenas deitado na cama lendo um livro. Seria o momento perfeito para terminar o namoro:

- Vou embora! – Disse ela.
- Vá. Mas não demore.
- Acho que não entendeu, vou embora da sua vida! Não aguento mais!
- Relaxa.
- Relaxar? Como vou relaxar! Tu és louco!
- Aham.
- Não aguento mais, sua calma, seu jeito de ser, seu bafo de álcool pela manhã, e suas cuecas sujas no chão do banheiro! Cansei, tá? Cansei!
- Tudo bem, vá embora.
- É assim, fácil? Não vai implorar para que eu fique?
- Não.
- Ótimo! Vou embora, mesmo! Já que não faço falta, depois não vá chorar me ligando de madrugada!
- Nunca ti liguei de madrugada.
- Como, não? E aquele dia em que estava bêbado?
- Não conta, eu estava bêbado.
- Tu és repugnante!
- Relaxa.
- Não vou relaxar! Já te disse que vou embora! Não vou relaxar! Entendeu?
- Sim. Mas relaxa.
- Arg! Vou matá-lo!
- Entra na fila.
- Tu sempre foste assim com todas?
- Sempre. E ainda estou vivo.
- Onde está minha mala?
- Na sua casa, tu nunca trouxe mala nenhuma pra cá.
- É verdade, facilitou, vou embora mais rápido.
- Já faz dez minutos que tu estás indo embora, meu amor.
- Está debochando, é? Achas que não vou embora?
- Acho.
- Pois bem! Então vou embora!
- vá.
- Nem vai se despedir?
- Estou lendo meu livro.
- Então seu livro é mais importante do que eu?
- No momento, sim, você está indo embora.
- Como é que é? Isso é um absurdo!
- Relaxa.
- Mas que droga! Chega com esse “relaxa”! Eu não vou relaxar enquanto estiver aqui com você!
- Tudo bem, vá embora.
- Como é? Quer que eu vá embora? Pois agora que eu não vou! Irei contrariá-lo! Não vou mais embora!
- Como se isso fosse novidade. E tu ainda querias que parasse de ler meu livro.
- Largue esse livro e me beije!
- Pensa que manda.
- Me beije!
- Relaxa. Até pouco tempo você estava indo embora, agora quer que eu a beije.
- Tudo bem, vou relaxar, vou beijar outro.
- Com se não beijasse.
- O quê?! Você acha que eu lhe traí?
- Não. Tenho certeza.
- Eu nunca lhe traí!
- Como, não? E aquele homem da noite em que estava bêbada.
- Não conta, eu estava bêbada!
- Bom, então você me entende.
- O quê? Que tu não me ligou de madrugada porque estava bêbado?
- Não, que eu já te traí.
- Tu me traíste?!
- Sim.
- Ó, não acredito! Seu cachorro! Homem é tudo igual, mesmo!
- Não sei por que vocês escolhem tanto, se homem é tudo igual.
- Vou embora!
- De novo?
- Mas agora eu vou!
- Relaxa.
Se tu me disseres mais uma vez pra relaxar eu juro que lhe dou um soco!
- Nossa, quanta violência, o que acontece com aquele beijo?
- Enfia na tua bunda.
- Relaxa.
- Tens razão, vou relaxar, mesmo, agora que estou indo embora.
- Demorou.
- Como é? Não ouvi!
- Limpa os ouvidos.
- Tu está me chamando de surda?
- Não, de porca.
- Porca? Bem eu que sou porca! E as suas cuecas cagadas no banheiro? Aquilo não é porquice?
- Pelo menos eu não deixo as minhas calcinhas na pia.
- Eu nunca deixei calcinha na pia do banheiro!
- Mas deixou na da cozinha.
- Muito menos na da cozinha!
- Relaxa.
- Eu vou embora! Agora chega!
- Tá.
- Tá? Só isso? Um simples “tá”?
- O que tu querias que eu fizesse?
- Que tu agisses como homem, e me impedisse de ir embora!
- Por que eu faria isso?
- Por que você me ama!
- Amava.
- Você não me ama? É isso? Acabou tudo entre nós?
- Exato.
- Não acredito que você terminou comigo! Como pôde? Eu não vivo sem você!
- Então não devias ir embora.
- Mas eu não vou, só queria que você demonstrasse algum carinho por min!
- Ah, porque não falou antes, era só isso?
- sim.
- Então vá embora.
- O quê?
- Estou brincando, me beije.
- Sim, ó amor, eu te amo tanto.
- Eu também te amo, minha linda.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Eis o e-mail que recebo:

Olá, Luan! Meu nome é Diogo Fuentes, sou estudante de medicina da Ufrgs de Porto Alegre. Quero lhe dizer que sou fã das tuas crônicas e queria te pedir um favor. Abaixo segue um texto, mais precisamente uma carta que mandei para minha ex-namorada. Estava de cabeça quente no dia que a escrevi, mas passado certo tempo resolvi ler com mais calma e acabei percebendo que essa carta reflete muito a situação corriqueira que nosso país vem vivendo. Peço-lhe que deixe o meu preconceito de lado referente aos estilos de vestimentas, levando em consideração, como afirmei anteriormente, que estava de cabeça quente no dia que escrevi tal texto.

PS: Se publicar esse texto em um dos seus sites, por favor não revele meu e-mail.

Aguardo seu retorno!

Abração do fã Diogo Fuentes.



Carta de decepção amorosa:

“Cansei. Não vou mais perder meu tempo fazendo você enxergar o inevitável. Para falar a verdade não sei o que você viu naquele pobre coitado. Pois é isso mesmo, não existe outra definição para aquela criatura senão pobre coitado. Com aquelas calças limpa-chão, largas, arrastando no meio da rua, o fundilho lá em baixo. Mas, não, você acha bonito. Você também deve achar bonita a camiseta dele, com o número três vezes maior do tamanho que ele deveria usar. Claro, não posso esquecer do boné virado para o lado. O linguajar também é importante. Gírias enfáticas como “mina” e “loco”, deve deixar a mulherada com orgasmos! Como é? Liberdade de expressão? Se for por isso vou começar a andar pelado na rua, vou exercer minha liberdade de expressão! Isso é ridículo! Esses garotos mal sabem falar o português e usam aquelas roupas americanizadas, de raper, jogador de basquete, skatista...e por aí vai. Ora, por favor! Tudo bem, eu sei que existe gosto para tudo, mas aquilo já não é mais gosto é falta de opção, e tu não estavas com falta de opção. Vós já vistes como eles caminham? Se embalançando pra lá e pra cá, se arrastando, parecem que estão cagados. E você me trocou por aquilo? Por Deus! Eles bebem cerveja, cachaça, pinga, tudo com um só nome: Trago. É essa vida que você quer? Depois não vai voltar correndo para min dizendo que cometeu o maior erro da sua vida. Esse garoto por quem tu me trocaste fuma como um dragão, e cigarro é para momentos de lazer, o que eles gostam é de maconha mesmo, eles querem ficar doidão “prás mina” acharem bonitinho. Aí é óbvio que a sociedade não evoluirá, eles não gostam de estudar, e não se interessam pelos problemas que o país venha a ter. Justamente porque eles acham que não é problema deles. O que eles se preocupam de verdade é com o dinheiro do pai, pra bancar roupas e a escola que reprovam várias vezes. Muitos deles nem tem os pais para os bancarem, muitos roubam. Mas agora é nisso que você viverá. Esqueça as aulas de espanhol que lhe dava com tanta paciência. Aulas de violão? Não lhe ensinarei mais nenhuma nota! Você não terá mais nada disso! Vai aprender a andar de skate ou jogar basquete. Não que isso não tenha futuro, mas deve saber escolher as pessoas certas para ensinar o que, de fato, sabem, e não que se rotulam. Você vai namorar com esse marginal, vai casar com ele, vai viver apanhando e ele vai te trair. Mesmo assim vocês não deixarão de ter filhos, e serão vários. Pobre é assim, tem bilhões de filhos e nunca consegue sustenta-los. Aí mandam para sinaleira arranjar um dinheirinho para janta. Esses filhos vão crescer e uma grande porcentagem deles vai ser a cópia viva do pai. Não vai se interessar por estudo, vai acabar roubando, indo para o tráfico, matando pessoas inocentes achando que está comandando uma revolução socialista. Provavelmente esse seu filho morrerá cedo, já que a vida no tráfico é curta, ou você mata ou morre. Um dia ele não vai conseguir mais matar. E você vai olhar para trás e se arrependerá profundamente. Eu já vou estar formado em medicina, fazendo mestrado em Londres, e tu lá com filhos marginais e o marido com seqüelas. Mas que saber? Tu mereces isso e muito mais! Se tu sentes atração por pessoas assim, é porque tu fazes parte do mesmo ciclo, e mulheres que se relacionam com pessoas desse nível são mulheres que não se dão o valor. E sabe do que mais? Não fico com mulheres que não se dão o valor, pois o valor é resultante do respeito e o amor a si próprio, enquanto você não tiver isso, nunca conseguirá enxergar tudo o que fiz por você. Adeus.”

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Sejamos Ignorantes

O mundo foi feito para pessoas ignorantes. Se você um dia tentar quebrar esse ciclo com arrogância e soberba apenas irá se igualar a quem tanto te ignora; se você quiser quebrar esse ciclo com educação e cultura estará agindo como um extraterrestre perdido em sua órbita; se tentar com amor e compaixão será decepcionado muito facilmente; se for com confiança, será traído o mais breve possível; porque como eu disse, o mundo foi feito para pessoas ignorantes, e fugir dele, é a mesma coisa que fazer parte do próprio.

Sofrer não é ruim. Mas também não é bom. Sofrer não é aprender. É saber escolher. É saber tomar a decisão certa, na hora certa e na ocasião certa. Como tomar esse tipo de atitude? Sofra, apenas sofra. Pode ser de amor, de revolta, de ódio, de alegria, de inexistência. Seria equívoca a resposta que daria, que, sentir dor, ou qualquer outro sentimento impregnado pelos ignorantes é mais uma das tantas formas afáveis de se expressar. Ora, não sejamos tolos, nosso planeta esta doente, não precisamos infectá-lo com vírus de precedência estúpida.

Respeite sua mãe, respeite seu pai, não bata no seu cachorro, abrace seus irmãos. Não reclame da comida, e lembre-se que existe alguma criança no mundo que não pode reclamar da comida que não tenha. Lembre-se que arrumar seu quarto tem o mesmo significado de dá ordem a sua vida. Lave a louça! E esfregue uma vez na sua existência a sua própria cueca, para você saber o quão difícil é realizar atitudes e atos solidários sem ser reconhecido. Experimente os malefícios que o mundo ignorante lhe impõe, mas tome cuidado! Não se vicie, nem todos os ignorantes são viciados, você não precisa ser o pior deles.

Faça parte dos neutros, aqueles que se consideram bons. Bons de verdade, o bastante para não conseguir comprovar o que de fato se intitulam. Não perca tempo, ele é valioso, em um minuto você pode salvar uma vida, em um segundo você pode matar outra. Nós temos poderes, poder é uma maneira de cumprir a ignorância que tanto nos aflige, enganosamente, pois às vezes somos felizes. Pense que você dará frutos a novos ignorantizinhos, você também terá filhos, eles vão lhe acordar de madrugada, arrotar na mesa, sujar a toalha de banho no jardim, quebrar os seus objetos preferidos, eles vão ter cicatrizes, vão se machucar, afinal isso comprova que eles praticaram o ato da ignorância. Eles irão crescer, chegará à fase de conhecimento corporal, onde eles começarão a sentir mudanças, calores, excitação, farão sexo, serão vulneraríeis a outras doenças, e você ficará pasmo de como o tempo passou rápido: já é avô.

Entenda que você não poderá controlar tudo, nem todos, existirão pessoas que lhe tratará como um ídolo, mas não espere isso do seu filho, geralmente esse reconhecimento acontece muito tardiamente, por muitas vezes, quando você não estiver mais presente. Espere essa idolatria do seu animal de estimação, é o único ser irracional que é mais racional que nós mesmos. Se não tiver um, adote. Se não gostar de animais, aprenda a gostar. Também existirão pessoas que não vão gostar de você, entenda que ninguém é obrigado a gostar de ninguém, e que ser contra essa reação é ser contra os seus anseios.

Não dê valor ao seu dinheiro, ele é o único meio pelo qual você dá importância no final do mês. Políticos continuarão a roubar, os preços continuarão a subir, e pessoas continuarão a se matar. Entenda que essa é a nossa reação em cadeia e não há amizade que dure. Você sentirá saudade de quando era jovem, sentirá falta de sua força física, dos amigos da faculdade, dos amigos de trabalho, dos seus filhos quando eram pequenos, sentirá falta do seu pai, e vai compreender que a dor voltará sempre, dia pós dia. Porque nós somos todos ignorantes, e ignorantes não sabem tomar atitudes na hora certa, no momento certo e na ocasião certa. Nós todos erramos. Mas não se ofenda com o termo ignorância, pois muitos dos ignorantes nem sabem que são.