Coluna do Luan

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Aprendi


Aos poucos que vou vivendo sinto um absurdo dentro de mim, como se nada importasse, e ao mesmo tempo, tudo importasse.
Aprendi que quase ninguém se importa com o que você considera mais importante. Também aprendi a sentir os meus sentimentos sem precisar mentir para as pessoas que amo. Às vezes sinto-me um monstro indefeso capaz de engolir chamas cada vez mais quentes de medo. Não porque eu quero, mas porque acho que sou capaz de fragilizar o constrangimento do fogo meticuloso. Sofri injúrias, injustiças, desavenças, mas ainda vivo. Sem entender muito bem o porquê exato disso. Apenas sigo minha linha de raciocínio. E acho que é isso, linha de raciocino, que me leva aos erros enigmáticos. Tento entender um mundo de uma vez só. Como se fosse num único copo de água. Como se o mundo fosse um mero copo usado de suporte ao líquido que almejamos ingerir rotineiramente. No paradigma real, esse líquido é conhecido como seres humanos.

Aprendi que com o tempo, nós seres humanos somos engolidos pelas nossas bestialidades. E são muitas. Não encontramos uma resposta exata para aquilo que procuramos, porque de fato, nunca indagamos a pergunta certa para encontrar tal resposta. Não quero criar a ilusão de ter uma fórmula para a vida. Até porque a fórmula existe, está na mão de cada um de nós. No entanto, essa fórmula que me refiro, poucos, muito poucos sabem enxerga-la. Costuma-mos fechar as pálpebras para situações em que pensamos não conseguir resolver. Essas situações não são resolvidas porque apenas pensamos. O ato de pensar destrói o ser humano. Poderíamos viver com o ato de sentir. Você poderia sentir qualquer energia relacionada ou não a você. E com o evoluir dos dias, descobriríamos que estaríamos pensando através de nossos sentidos, e não das razões que achamos ter.

Com evoluir das noites, também aprenderíamos a olhar mais para as estrelas. Não como astros, e sim como um alvo intenso luminoso que, sem sombra de dúvidas, reduz a nossa essência em uma mera raça. Sempre frisei de que há o tempo certo para os momentos errados. E sempre há o tempo errado para os momentos certos. Nota-se que com o avanço da idade vemos um cálculo procedente de uma ciência inexata. A Matemática não rege a vida, a química não explica nosso estado de espírito, e a biologia não revela a nossa origem. O português até pode tentar corrigir os erros de regência cometidos na juventude, mas uma vez apagado tal escrita, a letra nunca será a mesma. É, e eu que sempre acreditei na geografia das minhas decisões, e na história de meus dias...

Com o tempo reparei que meu olhar não acompanha mais minhas vistas. E o motivo pelo qual não me considero vesgo, é porque consigo observar o que sempre esteve ao meu lado. A morte dorme e acorda comigo. Vivo com ela. Sei que em qualquer instante ela pode me tocar. Para alguns parece loucura. Mas a raça humana sempre lutou contra morte, como algo maléfico. Lutamos a vida toda contra quem nunca saiu do nosso lado. Chega ser ridículo, mas somos assim. Temos medo de quem sempre nos acompanhou. Se soubéssemos viver com a morte, por mais que seja contraditório, viveríamos muito melhor. Porém, nós humanos, infelizmente não sabemos superar nossas dores como deveríamos.

Agora, sinto que tudo que realizei pelas pessoas que não conheço, fez enorme diferença nas minhas reações perante aqueles que me humilhavam. O preconceito, nada mais é do que um pré-conceito refletido sobre quem você pensa ser. Pessoas preconceituosas são pessoas mal resolvidas. Pessoas mentirosas são aquelas que tentam ser sinceras. E as pessoas sinceras um dia serão mentirosas. Os nossos valores todos estão perdidos, vagando pelo ar que respiramos. Na realidade não temos mais valores. Temos um projeto do que consideramos importante para nós.

Depois de refletir pouco, aprendi que a nossa importância se resume no que temos. Tanto material como abstrato. Depois de refletir muito, aprendi que o que temos se resume nos nossos valores. Vejo que aprendi tudo errado, de novo.