Coluna do Luan

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Volta às aulas


Acordei nervoso, passei o dia com aquele friozinho na barriga. Era estranho. Mas para min o primeiro dia de aula sempre é um nervosismo total e eu nunca soube explicar o porquê. Ainda assim, eu suava como um chafariz. Minha camiseta social azul clara tornou-se escura com o passar do tempo e do calor descomunal. Entrei no campus da Unisinos e aos poucos fui me acalmando. E me acalmei.

Eram tantas mulheres, mas Mulheres de verdade. Não era qualquer ninfeta caloura, estou falando de mulheres maduras, já experientes, no final do curso provavelmente, com aqueles trajes extremamente sedutores. Estava no paraíso, e estava apenas no campus. Imagine lá dentro da sala de aula, com aqueles decotes e mini-saias à meia altura de minha cadeira; teria uma visão privilegiada e invejada por muitos brutamontes que se julgam “pegadores”. Detesto esse termo.

Até aí tudo bem, o problema que sofro de uma deficiência chamada “desprovisação de altura”. Considero-me um cidadão de estatura mediana, mas perto de todas aquelas mulheres me senti um anão ao lado da branca de neve. Nessas horas que eu queria ser alto. Porém, em outras contento-me com a que eu tenho. Sabe que horas são essas? As dos abraços!

- Quanto tempo Fernandinha!!!

- Oi, Luan, meu querido!

Encaixei-me respeitosamente entre suas montanhas. Meu rosto definitivamente penetrou naquele busto de maneira imperdoável e inflexível. Sem chance de recuar. Pena que durou pouco passou no máximo cinco segundos. A Fernandinha é uma das minhas grandes amigas de universidade. Ela esta sempre pronta para me ajudar com qualquer dúvida relacionada à disciplina, mesmo sendo eu quem tira suas dúvidas. Ela me ajuda. E se não fosse por ela, a aula não teria graça.

Olhava para o lado e não me atraia pelas colegas que estavam presente, nenhuma era do meu agrado. Olha aquela loira despeitada, que horror! Nossa, o que é aquela ruiva? Vocês viram o tamanho do seu quadril? Dá para estacionar um carro! E os cabelos daquela morena com sardas nas costas? Já apresentaram xampu para ela? Meu senso crítico estava realmente aguçado.

Foi então que percebi que o verdadeiro Luan estava de volta. Eu voltei! Não me atraia mais por qualquer par de pernas carnudas ou seios extravagantes. Tinha que ter conteúdo. Afinal, é isso que torna uma mulher de classe, ela deve ter conteúdo intelectual. Não estou dizendo que ela tem que ser uma Nerd, mas apenas tenha um nível básico de conhecimento, que não escreva abraço com dois S’s, e nem diga que seu livro preferido é o Menino de Asas. Por Deus! Que não seja eclética! Tenha alguma preferência, com um gosto refinado. Pode até ser pagodeira, mas seja autêntica.

O problema das pessoas solteiras hoje em dia é que muitas delas não são verdadeiras com os futuros pretendentes. É claro que nunca vai dar certo. O segredo está na sinceridade desde o início. Meu caro, se ela for gostar de você, ela vai gosta do jeito que tu és, e não vai pedir para você depilar as pernas nem cortar o cabelo em duas pontas e muito menos exigir que você adquira roupas de marca. O mesmo serve para a mulher, se ele for gostar de você, não vai ser porque você pintou o cabelo trezentas vezes e nem por que o salto de seu sapato é de 18 centímetros.

A principio o interesse carnal é o começo, a atração física pode ajudar. Mas depois se não rolar aquele clima, desista! Lá na Unisinos já me conformei com as beldades que volta e meia se atravessam na minha frente, elas são de parar o trânsito. Mas do que adianta se elas só servirem para isso? Para parar o trânsito já basta a sinaleira. Raramente tomo a atitude de olhar para trás depois que elas passam por min no sentido contrário. Digo raramente porque ninguém é de ferro. Todo mundo tem suas recaídas.

Vários amigos meus perguntaram-me por que eu sou solteiro. Minha resposta foi curta e grossa: “Estou tentando achar alguém que me interesse”. E que também não seja igual as ex-namoradas; por isso que são ex-namoradas. Não estou sendo exigente, não estou solicitando, por exemplo, que ela fale três línguas fluentes e tenha morado no exterior; não estou pedindo que ela seja uma escritora literária best-seller com notoriedade mundial. Apenas quero uma garota que goste de min, que goste de meu jeito, que aceite o mundo da forma como é, que não reclame das insignificâncias corporais. Alguém que eu possa gostar da mesma intensidade.

Tenho certeza que não preciso apelar para agências de namoro ou casos eróticos virtuais. Acredito que cada um tem o que merece, por tanto, nunca reclame do seu companheiro(a), ele/ela é fruto do que você lutou para conquistar. Também acredito que cada qual tem um tempo certo para acontecer. Não tenho pressa. E estou feliz com meu estado civil.

Até que esse primeiro dia de aula serviu-me para refletir sobre alguns valores que há muito tempo havia requisitado. Graças às pernas, coxas, seios e bundas. Quanta tentação.