Coluna do Luan

domingo, 10 de junho de 2007

Lágrimas de papel


Não quero lágrimas de papel, quero sentimentos verdadeiros, rótulos inteiros, premissas que sejam de origem dissidente.

Não quero lágrimas de papel, quero apenas a verdade, verdade aquela que você tanto ocultou de mim quando era viva. Mas isso não quer dizer que esteja morta. A única célula que padece em você vem do coração.

Não querer lágrimas de papel é não querer molhar folhas que significaram algo importante para nós. Lembrar de quão valorizado será o que você pensa. Lembrar o quanto você perdeu chorando por pessoas que também derramaram lágrimas de papel inteiras.

É engraçado viver. Você acorda com o seu plano rotineiro em mente, escova os dentes, e têm a esperança de mudar o mundo para melhor. É burrice. As lagrimas de papel rolam em vários rostos com objetivos diferenciados pela sua conduta de vida. Por isso que há tanta maldade no mundo. Por isso que há pessoas boas no mundo.

Não querer lágrimas de papel é bastante circunstancial. Há varias dessas lágrimas, umas se dissolvem mais rápido do que outras. Mas isso também não quer dizer que só por isso elas são mais fracas. O que é válido para os sentidos, reais e irreais, fictícios ou verdadeiros.

Confesso que me sinto perdido, chateado, magoado, mas não só comigo. Sinto-me inflado como se ninguém me entendesse. Por alguns segundos achei que você havia me entendido. Mera ilusão. A vida é uma ilusão. Algumas pessoas realmente acham que podem ser fortes o bastante para não sofrer. Ninguém nunca é forte o bastante. É difícil superar a morte do seu pai. A reprovação escolar para quem valoriza o estudo. O animal de estimação que cresceu junto com você durante anos e teve quer ser sacrificado. Achar-se forte é cegar-se para si mesmo.

Afinal de contas, algum sentido deve ter uma lágrima de papel. Geralmente elas substituem o que você considera mais importante. Justamente aí que aparece seu erro. Infelizmente não consigo expressar o tamanho desespero que sinto quando vejo jovens da minha idade sendo incoerentes. Às vezes acho que não pertenço a esse planeta. Tenho só dezenove anos, mas me comporto como um homem dez anos mais velho.

Também já chorei várias lágrimas de papel, mas as minhas não eram feitas de qualquer função ou produto capitalista. Talvez a grande diferença esteja nas suas decisões. Muitos buscam na filosofia as crenças em que não acreditam na religião. Crer, não crer, importa?

Muitos buscaram na história a solução paralela para os seus problemas. Ter formulas, teorias concretas, ou até mesmo comprovadas por fatos, nem sempre quer dizer que dará certo com aquela pessoa. O que pode dar errado para você, nunca será um erro para outro alguém.

O que você precisa agora é de vertigem. Pense no seu ideal. Não tem? Então faça como eu, chore lágrimas de papel. Só não encha em grandes quantidades baldes feitos de vidro. Esses baldes mostram a sua verdadeira face, a sua verdadeira essência e intenção perante sua índole. Por tanto...tome muito cuidado para não ser desmascarado no momento em que estiver mais vulnerável.

Caso contrário, você poderá ser o motivo de outras lágrimas de papel.

Um comentário:

Cláudia I, Vetter disse...

Saudações!!

Que belo escrito Luan!
Deu um preenchimento muito longo ao espaço vazio e fez com que as lágrimas forjassem uma dobradura quase escudo...

Não vou me alongar com versos vazios; você já fez a parte bela que não alcanço.

Fique bem!

Me identifiquei com muitos fragmentos em devaneio...;)


Cordiais cumprimentos...t+.