Coluna do Luan

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Eu nasci, e você

Alguém lembra do dia em que nasceu? Não? Então porque alguém lembraria do dia em que morreu? A resposta desta pergunta costuma nos levar a filosofia. Confesso que a filosofia em si me atrai. Porém, não podemos deixar de lado nossa matéria. Nós mesmos. Partindo desse pressuposto, acredito ou creio que, nada pode explicar onde nossa memória não alcança. Lembrar envolve a questão de sentir. Na minha certidão de nascimento está escrito que nasci no dia 27 de janeiro de 1988. Mas eu não estava lá para saber. Entretanto, acredito que estava pelo fato de todas as crianças que nascem são registradas de acordo com a data de nascença. Fui a testemunha viva disso quando li a certidão de nascimento do meu sobrinho. De fato estava correto, ele nasceu mesmo naquele dia e naquela mesma hora.

As pessoas costumam não se importar com o fato de nascer ou morrer. Justamente porque a morte parece tão distante. Escrevi nas minhas ultimas colunas textos reflexivos onde a morte predominava como fator de resolução dos problemas. Muitos captaram a mensagem, outros se levaram pela forma da escrita literária, outros não entenderam, e outros acharam que entenderam. Por quê? Ora, porque cada pessoa tem uma ideologia, uma política de vida diferente. Ninguém é igual a ninguém, mas ao mesmo tempo somos iguais no que diz respeito à raça. Também fiz uma enquete que perguntava os tipos de texto que gostariam de ler na minha coluna. Crônicas sátiras e reflexivas empataram em primeiro lugar. Em segundo lugar ficou a opção: “Qualquer uma serve”. Ora, se qualquer uma serve não há porque escrever. Gosto de contrapartidas. Na verdade senti uma ambigüidade quando li que qualquer uma serve. Isso é muito vago. Tudo é muito vago. Este texto é muito vago. O mundo é muito vago. Sabe-se lá o que se passa dentro da cabeça de cada ser humano que habita materialmente esse planeta. Por isso que respeito às opiniões de todos, embora eu não concorde com a grande maioria.

Muitos filósofos creiam que a intencionalidade do ser vivo corresponde a sua memória. Mas como tudo no mundo, há exceções. Os traumas marcam de tal modo que a não presença da intencionalidade faz com que se crie outra. Para entender melhor vamos explorar as palavras. Entende-se intencionalidade algo que nós forma ideologicamente. Algo que corresponda a sua existência. Criamos personalidade, memórias, e atitudes a partir de uma intencionalidade. Sem ela, seriamos matéria pura, de acordo com a antropologia filosófica. Ou seja, nós teoricamente somos formados por matéria e intenção. Quando crianças recém nascidas lembramos de muitos poucos detalhes porque assimilamos nossas atitudes perante aos demais. Nosso cérebro está vazio. Falamos porque os outros falam, caminhamos porque os outros caminham, urinamos no vaso porque os outros urinam. Daí a explicação da forma de convívio da idade antiga onde os homens eram quadrúpedes e faziam sexo como a maioria dos animais. É nessa era que também nasce a comunicação que com o evoluir dos tempos vem a ser a linguagem de hoje.

Levando em consideração tudo isso, ouso perguntar novamente.: Alguém lembra do dia em que nasceu? Quando indaguei essa questão a um amigo ele começou a rir e replicou: “Tu estás louco? É claro que não!”. O que me impressionou foi o fato dele não se perguntar o porquê que não recorda do dia em que nasceu. Pelo mesmo fato dele não lembrar do dia em que morreu? Seria tudo isso um ciclo? Muitas perguntas são formadas a partir dessa indagação. Meu papel aqui é gerar o pensamento dos leitores desse texto. Quero saber a teoria de todos. Por que não lembramos?

Aos que não se interessarem simplesmente estarão se igualando a grande população mundial. “Isso vai trazer dinheiro?” Senão não será importante. Hoje vivemos a mercê do dinheiro. Mas não esqueça que durante muito tempo vivíamos sem ele. Aliás, detesto dinheiro. Porque sei que dependo dele. Não queria que fosse assim. Contudo, quem sou para querer algo? Se não sou capaz de lembrar nem do dia em que nasci...quanta insignificância.

3 comentários:

Adryana Araújo disse...

Filosofando!
Esse seu texto nos faz pensar muitas coisas e repensar conceitos.
Aí, vemos como somos pequenos e dependentes. E, como uma pessoa dependente pode ser livre? Fica o dilema!

Superbeijo!!!

Unknown disse...

Acho que não lembramos porque o parto é um acontecimento doloroso (não só para a mãe) . Sair da sua zona de conforto, tranquila, escura e quentinha para a luz, mudança de temperatura e a perspectiva de viver as agruras do mundo.

Marcos Seiter disse...

Bah, irmão!

Arrasou. Estou lendo no momento
"O mundo de sofia:o romance da história da filosofia, e lembrei de umas coisas que tu falaste e que nele está. Não gravei nenhuma frase ou parte do livro, mas entendi à mensagem. Infelizmente o seres do planeta terra vivemo sem olhar a vida, não dão o merecido valor a esta preciosidade. Mas felizmente que tu existe, eu existo e muitos outros que estão por aí, olham pra vida, pensam filosoficamente o que acontece, pois nada é por acaso.

Eu vim de onde?

Abs!!!

Marcos Ster