Coluna do Luan

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Tenha uma boa memória

Sempre tive uma memória seletiva, aliás, minha memória por muitas vezes entrou em paradoxo nos comentários de algumas pessoas; uns diziam: “O Luan tem uma ótima memória”; outros, no entanto: “o Luan tem uma péssima memória”. Por isso sempre foi seletiva.

Certo dia estava praticando minha caminhada diária quando percebo uma senhora de meia idade olhando para o chão. Mas olhando minuciosamente, como se estivesse procurando algo, pelo jeito, algo de muito valor, tamanha concentração. Aquilo me deixou intrigado e ao mesmo tempo eloqüente; por que diabos uma senhora daquelas olhava para o chão sem piscar, sem intervalos de tempo, nem para levantar o pescoço e descansar um segundo que seja? Era esdrúxulo, bizarro.

Aproximei-me lentamente; nunca se sabe o que estar por vir, no mundo de hoje não é loucura imaginar que uma senhora possa te assaltar e depois levantar a blusa e explodir uma bomba relógio. Cheguei a ficar ao menos três metros de distancia e mesmo assim minha curiosidade não foi saciada, não conseguia enxergar o que ela estava procurando. Em outras palavras, não conseguia enxergar o que ela enxergava.

Naquele momento várias hipóteses passaram pela minha cabeça em questões de segundos, será que ela fugiu de um manicômio? Eu podia estar correndo perigo perto daquela senhora aparentemente pacífica. Resolvi ser macho, criei coragem e cheguei mais perto dela que continuava imóvel com a cabeça para baixo; agora um detalhe importante – a cabeça dela estava voltada em um ângulo de 45° graus para baixo, mas o pescoço estava imutável. Por um momento eu não acreditara no que estava vendo, os membros de seu corpo não estavam normais, como ela conseguia ficar de pé?

Essa dúvida continuou comigo por todo o meu percurso, passei rapidamente pela senhora, e fui até o final do caminhodromo para depois voltar numa velocidade muito acima do que a de costume. Estava me aproximando novamente daquele ser sobrenatural de meia idade cuja cena não era perceptível a minha consciência. Dessa vez olhei atentamente e fixei minha visão de tal modo que pude ver além das camadas de concreto, estava muito sã para ser fruto da minha imaginação. Cheguei a um metro dela tentei um diálogo amigável:

- Senhora está tudo bem?
Segunda tentativa:
- Senhora está tudo bem?
Nada de responder, nem sinal de mobilidade dela.

Foi então que olhei para o lado e vi várias pessoas rindo de min, não entedia o porquê, mas por fim lembrei.
Durante anos eu caminhava nessa rua, mas havia me esquecido que aquela senhora que me deixou tão abismado não era um ser humano e sim um espantalho que ficara ali para servir de acompanhante a um morador de rua.

Falei que minha memória era bastante seletiva.


2 comentários:

Babi Souza disse...

Ah... Um espantalho com função de acompanhante a moradores de rua? Certamente não esqueceria!
Mais um comentário sobre tua memória pra coleção: “O Luan tem uma péssima seleção de memória”! XD
Beijocas!

Cláudia I, Vetter disse...

OPA!

**RISOS** (MUITOS) **RISOS**

Olha, tuas suposições sobre as coisas já são engraçadas, agora esse final...

**RISOS (MUITOS) **RISOS**

Esse teu senso de humor é incrível... ;)

Fique bem.

T+.