Coluna do Luan

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Deixar para amanhã

Não raro, você se pergunta: o que faço para que o meu dia seja especial a cada 24 horas? Em quem eu penso? O que eu lembro? A quem devo dizer "te amo" quando sinto e não digo? Quantos abraços eu dou? Por quantas vezes eu sorrio? E em meio a todas as essas indagações emerge a pergunta-chefe da vida: por quantas vezes eu realmente sou feliz?

Entendo que o nosso presente é valioso demais para ser adiado. Ou simplesmente vivemos, ou simplesmente adiamos, ou simplesmente descartamos. E quando esse presente vira pretérito não há mais nada o que reescrever. É como uma obra finalizada. Completa ou incompleta, um dia, ela teve um fim.

Às vezes é difícil de aceitar. Mas quem disse que a realidade é um mar de rosas? Ao cabo de tudo, a dialética da vida só nos permite fazer com que o nosso presente não tenha a mesma morte que o nosso passado. E assim segue a orquestra da existência.

É duro envelhecer, amadurecer, escolher. Por ironia do universo, a vida é cíclica. O mundo é cíclico. Os sentimentos são cíclicos. Daí nasce a palavra “felizmente”, em detrimento de outra palavra chamada “revigoração”. Se tudo que for vivido no presente se revigorar, se renovar, é possível que você tenha a felicidade como eterna vizinha, a quem você poderá não apenas pedir açúcar, mas toda a confeitaria que adoça o sabor dos momentos de uma relação. Por outro lado, se tudo que você viver cair na roda cíclica da vida, deixando a dor assolar sua consciência sem margem à etapa da renovação, você terá a felicidade a certa distância. O pior é que levará tempo para que ela se torne sua vizinha novamente. Dói muito encontrar a doçura da vida somente no pretérito. Precisamos, então, começar do zero, mais uma vez.

Que fique bem claro, aqui, que faz parte da vida todo o processo ter um início um meio e um fim. A diferença é que você pode recomeçar com a mesma pessoa ou morrer com ela. E quando surge uma nova história, depois de morto, você tem a escolha de ser um fantasma desacreditado no amor, vagando nas incertezas da vida, ou uma nova pessoa, como novos motivos para sorrir.

O grande desafio do nosso cotidiano é fazer com o que as coisas durem o máximo de tempo possível, não esquecendo dos esforços (de ambos os lados) aplicados para que isso ocorra. Entendo que a única maneira do amor andar de mãos dadas com a “eternidade”, em uma só relação, é os dois saberem reinventar o próprio sentimento. Bem-vindo ao grande repto da vida. Enquanto uma parte da engrenagem do amor falhar – se é que se pode dizer que ele falha, caberá sempre escrever um novo livro, com outra pessoa.

Agora, cuide bem desta obra. Escreva diariamente. Deixe as palavras nas linhas do infinito. Valorize esta nova oportunidade. Você não precisa deixar tudo para amanhã. Você nunca precisa deixar para amanhã.

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