Coluna do Luan

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O dia em que a terra mexeu

Esse título pode virar nome de romance, de filme, etc. Tudo é possível. Vou dar a dica para o Walter Salles ou para o Hector Babenco. Já até me imaginei ligando para o Babenco: “Hei, Hector! Tenho uma dica de filme maravilhosa pra ti, o que achas de fazer algo sobre a supremacia da mãe terra? Não, não é como o Carandiru, deve ser de teor mais ‘vulnerável’, entende?”. – Mais vulnerável que o próprio Carandiru? No post anterior argumentei sobre a voz conseqüente da natureza, e é verdade. Ontem, São Paulo tremeu. Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro também. E isso já foi suficiente para virar atração temática. Minutos depois os principais jornais do país estampavam suas capas com a manchete alarmante: “Terremoto de 5,2 graus assusta São Paulo”. Tá e daí? Na Califórnia as pessoas preparam-se psicologicamente para o pior, elas vivem com os abalos sísmicos. No Japão, os orientais já dormiram centenas de vezes com o chão se mexendo. Há povos que vivem com vulcões. E nós aqui, na tropicalidade, reclamando de barriga cheia. Ora, os brasileiros não são acostumados com terremotos. Os brasileiros são acostumados com corrupção, futebol, sexo grupal, bundas grandes, o que for. Mas terremoto? Não... Isso ainda é novidade.

O máximo que se tem aqui são cocos caindo nas cabeças dos baianos. Temos alagamentos, conta? Não, o que é corriqueiro demais não serve. Ah, entendi. E quanto à guerra que se instaurou nas favelas? E quanto ao tráfico e consumo de drogas? Chegaremos um dia aos pés de paises liberalistas como a Holanda? No lugar de prostituas que se vendem através de vitrines, colocaríamos dinheiro público. Quem rouba mais? A tentação é quase a mesma. Nós Somos liberais, sim. Veja, por exemplo, o episódio dos cartões corporativos, nem a tapioca escapou. Conta de motel e despesas com supermercado também estão na lista. Isso não é liberdade? O quê? É contra lei? Mas que lei? No país do carnaval as leis são fantasias que escondem a sujeira, a pilantragem dentre os glutens de nossas mulatas (no bom sentido). Agora, basta um tremorzinho para que tudo mude? O google nunca teve tantas buscas por terremotos. Eu sei que 5,2 é um grau considerável em uma escala que vai até nove, mas, por favor, foram poucos segundos. O mundo não vai parar (neste momento) e tua renda mensal não vai aumentar em função do balanço terral. Não adianta, meu amigo, os problemas continuarão.

No entanto, sentimos “medo”. É ridículo. Ouso afirmar que quem presenciou nosso minúsculo terremoto sentiu mais adrenalina do que um suposto receio de que algo de muito grave pudesse acontecer. Casos solenes nos rodeiam todos os dias, a todo minuto, somos alvos de ações circunspetas. Mas um terremoto? Estamos é muito mal preparados, isso sim. Talvez seja culpa de nosso regime de esquerda. Já sei, vamos responsabilizar a Dilma Roussef. Pronto. O terremoto foi um dossiê da Dilma. Que tal? Será que cola?

No país das maravilhas modernas, das maracutaias políticas, do desmatamento, da poluição visual, do uma-mão-lava-outra tudo é normal. Por que um simples terremoto não seria? Aqui temos, inclusive, padres voadores. Nós causamos inveja às nações de primeiro mundo. Só temos o Hugo Chávez como concorrente de peso, o resto não chega perto de nossas proezas. O que é um terremoto? Nem chegou a abafar o caso Isabella. A Dilma, realmente, precisa melhorar muito.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá! já teve um terremoto na mesma escala em 1982 se não me engano, segundo um professor da usp sempre tem no brasil só que a população não sente...

Raquel disse...

Tive a mesma sensação quando vi, na maioria dos jornais, notícias sobre o abalo sísmico. Abalos que são freqüentes, assim como roubos, mas que passam despercebidos. Assim como os roubos =)

O mais impressionante (de uma maneira negativa) são as reportagens que vêm na carona do acontecimento. Aí desenterram aquele geólogo amigo do vizinho da delegada do caso Isabella. Tudo tem uma conexão, ainda que podre, na mídia. Um escândalo abafa (ou abala) o outro.

Mais legal que isso, só o padre que pensou estar a bordo de um Balão Mágico.


Vem cá, seu debochado: é Azul mesmo? Ou Azul?

Pripa Pontes disse...

Pois é tudo pelo sensacionalismo...pelo vender mais notícia para uma população que se apega a escândalos e não se incomoda com problemas corriqueiros como nossas questões socias...
Aqui em Pernambuco, no ano passado, ocorreram alguns abalos sísmicos em Caruaru, interior do Estado, parecia que era o anúncio do Apocalipse. Nunca ví tanto escândalo por uma coisa que durou no máximo poucos minutos...
Diante de países que vivem com furacões, terremotos, maremotos, tufões, deveríamos era agradecer quando nosso único problema remete aos problemas ciado pelo próprio homem e não pela natureza...

Quanto a férias de blog, sei bem o que é. Há momentos que me ausento mesmo dos blogs, pego um tempo lone do pc, acho que é cansaço diante de tanta tecnologia...e aí fico com meus livros, meus lápis e cadernos, vai entender...

Que bom que está ostando do conto no Domingo posto mais um capítulo dessa estória que simplesmente pulou de minha cabeça numa tarde ociosa de domingo.

Bjos.

Thaís SBA disse...

Hhusahuasuhsahu não exagera vai Luan! Isso vira ração pra mídia porque não é algo muito constante no país. E ainda mais porque desta vez um número maior de pessoas sentiram!!! Já era de se esperar o sensacionalismo né? Huhasuhassa!!!


Bjos no cotovelo!